quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Na bancada da ciência política, distritão fica sem um único voto

Maria Cristina Fernandes
(*)

SÃO PAULO - Aprovado na comissão especial na semana passada e prestes a ser votado no plenário da Câmara dos Deputados, o distritão não teria um único voto se o escrutínio tivesse como eleitores os cientistas políticos brasileiros. Noventa e quatro deles foram consultados, por rede social, em todo o Brasil, pelo professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Jairo Pimentel. O distritão, sistema que considera todo o Estado com circunscrição e elege os mais votados, independentemente de sua filiação partidária, não recebeu um único voto.

A enquete trouxe o sistema proporcional de lista fechada como o mais votado. Neste sistema, o eleitor escolhe a partir de uma lista preordenada pelo partido. Em segundo lugar veio o atual, de lista aberta, seguido de perto pelo distrital misto, em que uma parte da Câmara é preenchida pelo voto majoritário e outra, pelo proporcional. O distrital puro, que a enquete chamou de majoritário distrital, veio em quarto lugar.

Pimentel atribui o desprestígio do distritão ao alto custo do sistema e à sua baixa representatividade. Diz que, se este sistema prevalecer haverá, nas próximas eleições, uma proliferação de pequenos partidos que lançarão celebridades na política.

Por outro lado, atribui a preferência acadêmica pela lista fechada à ideia de que o sistema ajudaria a fortalecer os partidos. A enquete sugere que os cientistas políticos não consideram os atuais recursos à disposição dos partidos (tempo eleitoral gratuito de propaganda na TV e fundo público) instrumentos de fortalecimento das cúpulas partidárias. Ou, se o fazem, ainda idealizam o partido como instrumento de formatação de plataformas eleitorais em detrimento de campanhas personalistas.

O atual sistema de lista aberta, o segundo mais votado pelos cientistas políticos, teria perdido força, segundo Pimentel, pelo título, atribuído ao Brasil, de país com representação parlamentar mais fragmentada do mundo.

Valor Econômico

(*) Comentário do editor do blog-MBF:  distritão, lista fechada, misto, distrital puro e financiamento de campanha. São todos assuntos resolvidos de forma isenta, na proposta apresentada em Capitalismo Social.
Distritão: mesmo na proposta que apresento, de distrital puro, não se considera o estado como apenas um distrito.
Lista fechada: os “cientistas políticos” citados na enquete, 94, que me perdoem, mas no Brasil, se isto fosse tornado regra, só não estariam encabeçando as listas, os políticos que já estão presos, pois os caciques ainda na ativa serão os primeiros da lista, ainda por cima garantindo suas falcatruas com o foro privilegiado.
Misto: é o jeitinho brasileiro de querer agradar todo mundo, pouco importando a análise dos fatos.
Distrital puro: este é o melhor sistema, mas sem partidos políticos.
Financiamento de campanha: estão condenando o financiamento público de campanha. Se é para financiar partidos políticos, todos os anos, também condeno. É dinheiro jogado fora. O dinheiro chamado público - aquele que o governo já arrecadou através de impostos, cobrado de todo cidadão brasileiro, até dos desempregados -, deve financiar os candidatos e apenas nas eleições, de 5 em 5 anos. Maiores detalhes em:



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