Cristian Klein
(*)
RIO - A
crise política vem gerando forte crítica ao sistema partidário, opções
presidenciais radicais, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e a
criação de uma série de movimentos. Um deles, o Agora!, resolveu buscar ajuda
internacional para se estruturar. Avesso à polarização que tomou conta do país,
o grupo realiza hoje uma reunião, por videoconferência, com o estrategista
eleitoral Guillaume Liegey, do movimento centrista En Marche!, maior novidade
da política europeia que elegeu Emmanuel Macron, 39 anos, o mais jovem
presidente da França.
No
Brasil, o Agora! também pretende ser centrista, de caráter geracional - seus
integrantes vão dos 30 aos 45 anos - mas não tem ambição presidencial, nem
interesse de se tornar um partido, afirmam seus coordenadores. A ideia é criar
uma agenda suprapartidária que influencie o processo decisório, com elementos
da esquerda e da direita. "A gente
acredita em convergência, ser oposição é fácil. Certas questões não têm
lado", afirma Ilona Szabó, 39 anos, diretora do Instituto Igarapé.
Ilona
integra o núcleo de sete coordenadores do Agora!, criado por 50 pessoas de
distintas tendências ideológicas, lembra outro coordenador, o professor de
direito da Uerj, Ronaldo Lemos, 41 anos. "Tem gente de todos os
campos", diz.
Humberto
Laudares, também coordenador, organizou o Onda Azul, campanha de filiação ao
PSDB que aproveitava a votação de Aécio Neves na eleição de 2014. Esteve ainda
na montagem do Vem Pra Rua, linha de frente do impeachment de Dilma Roussef. O
empresário Carlos Jereissati Filho, 45 anos, outro coordenador, é filho do
empresário de mesmo nome e sobrinho do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE),
acionistas da Coca-Cola, de shoppings centers e grupo de comunicação.
Por
outro lado, aponta Lemos, participam figuras como os líderes indígena Anápuáka
Tupinambá e do Complexo do Alemão, no Rio, Raul Santiago, o ex-secretário
nacional de Justiça do governo Dilma, Beto Vasconcelos, e o empresário Alê
Youssef, que já foi do PT, do PV, por onde concorreu a deputado federal em
2010, e do Rede Solidariedade, de Marina Silva. Eleitor de Marina em 2010 e
2014, Lemos afirma que a ex-senadora ficou aquém das expectativas e gerou
frustração em quem esperava uma liderança de centro e um partido sem caciques.
Para o
cientista político e consultor Leandro Machado, 39 anos, a polarização e a
radicalização são problemas da nossa época. "É o Trump, o Estado Islâmico,
a Marine Le Pen. No Brasil, a degradação foi muito acelerada", diz o
coordenador.
Valor Econômico
(*) Comentário do editor do
blog-MBF:
"A gente acredita em
convergência, ser oposição é fácil. Certas questões não têm lado",
Demorou para cair a ficha. Venho
pregando isto há mais de 40 anos. Alcançar e manter o desenvolvimento econômico,
transformando-o em justiça social, não
tem lado. Deveria ser obrigação dos que se elegem, mas o que acontece é que os
partidos políticos trabalham primeiro para si e depois, se sobrar tempo, para
quem os elegeu, e se ainda sobrar dinheiro, se preocupam então com aqueles que
pagaram a conta.
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