quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A Grécia é aqui

Cláudio Belodi

Muita gritaria se tem presenciado nos noticiários devido as medidas que o governo pretende adotar em relação às mudanças na seguridade social. Todos, obviamente, defensores da manutenção ou melhoria da distribuição da riqueza, por convicções ideológicas e outros por contraposição política. Porém são poucos os que ponderam sobre a capacidade de suporte da sociedade de gerar riqueza suficiente para manter as regalias obtidas.

Quem esteve próximo ou participou da administração de negócios sabe muito bem que os recursos são finitos. Não existe poder capaz de realizar qualquer extravagância além das posses.

Claro que na democracia todos devem ser ouvidos. Mas a democracia é o primado da ponderação, do princípio do tolerável, do aceitável e possível socialmente. A possibilidade de diálogo é o que fortalece o ideal democrático. Quando se pende em proteção de uma elite ou classe, distancia-se da equidade social.

No caso da previdência social, as conquistas(?) obtidas pelos brasileiros se assemelham aos sabores gregos. Anos a fio de empoderamento assistencial que desgastou a economia, até eclodir a incapacidade do próprio povo se auto sustentar. Resultado – sociedade falida.

Não sabemos se os projetos que tramitam são bons ou ruins no longo prazo, mas temos certeza que o diálogo poderia ser mais frutífero e os projetos melhorados, ao invés do barulho promovido pelos contrários, se contribuíssem com ideias de sustentabilidade do processo. A manutenção do status quo levará a previdência à falência e somar novas conquistas acelerará a derrocada. Por que não começar por desinchar o funcionalismo torto da previdência, como por exemplo estarem vinculados a CLT, já que a previdência, apesar de estar administrada pelo Estado, é propriedade dos contribuintes da seguridade? Por que o funcionalismo da previdência pertence ao estatuto do funcionário público? Se eles cuidam da merreca do cidadão comum deveriam pertencer ao mesmo instituto jurídico.

A previdência brasileira caminha para um presente de grego. Sem nenhum trocadilho com a falência da Grécia.

Os notórios contrários o fazem para manter posição, porque jamais foram capazes de se debruçar sobre orçamentos, sua execução e exequibilidade. Gritam como se estivessem numa partida de futebol – qual a diferença no meio da multidão se o grito for devido a um bom lance, ou se, se espantam pela perda do gol. Apenas fazem barulho.

Neste momento crucial o importante é contribuir com soluções, porque o problema da previdência não se trata de um projeto de governo e sim da garantia futura de assistência a cidadãos. Claro que sempre buscamos o melhor, contanto que o melhor seja viável. O extremo melhor pode virar presente de grego.

Claudio Belodi
Empresário no setor de Tecnologia e Arquitetura Ambiental. 

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