sábado, 12 de novembro de 2016

Civilizar o Capitalismo: única saída depois da vitória de Trump

Mtnos Calil
(*)

Na condição de um simples “outsider” já faz um algum tempo que tenho dito: 

“Morto o comunismo, só resta à humanidade civilizar o capitalismo ou prosseguir na sua marcha em direção ao abismo, conduzida pelos psicopatas do poder”

A vitória do Trump vai despertar nas elites do capitalismo a consciência desta marcha em direção ao abismo. O jornal New York Times, por exemplo, se referindo ao desejo de mudança de grande parte da população americana afirmou: 

“ That change has now placed The United States on a precipice” – “Essa mudança colocou agora os Estados Unidos em um precipício” (devido à vitória de Trump). -http://www.nytimes.com/2016/11/09/opinion/donald-trumps-revolt.html

O editorialista do New York Times exagerou: os EUA foram colocados apenas à beira do precipício. Isto não significa porém que esta colocação se deve a Trump, pois ele ainda não assumiu o seu cargo.  

Pelo contrário: a vitória de Trump se deve ao descaso das elites americanas (republicanas e democratas) em relação ao empobrecimento da sociedade americana provocado pela concentração da renda  e redução dos salários de grande parte da população. Durante os 8 anos de seu Governo, Obama não levou em conta a DIMENSÃO da queda da renda da população branca que garantiu a inimaginável ascensão de um “ trampolineiro” ao poder (este termo existe na lingua portuguesa e significa embusteiro, trapaceiro).

No Brasil a ascensão de um trampolineiro  ao poder (Lula), se deve simplesmente ao elevado indice de pobreza da população brasileira, que vem de longa data. E a queda de Lula se deve ao fim do ciclo desenvolvimentista-populista que lhe possibilitou permanecer durante 8 anos no poder ao lado de um representante dos psicopatas do poder (Meirelles)  que agora volta ao Governo para implantar um desastroso plano de contenção de gastos que vai empobrecer mais ainda as camadas mais pobres da população.

É curioso como grande parte dos brasileiros responsabilizam Lula pela nosso desastre econômico, se esquecendo do fato ( ou ignorando o fato) de que Henrique Meirelles era o executor da politica econômica dos governos de Lula. A exemplo dos economistas do Establishment americano, Meirelles foi (e continua sendo) um mero servidor da oligarquia financeira que na crise de 2008 acelerou a queda dos EUA.  

A causa marcante do sucesso do trampolineiro americano foi  a queda do poder aquisitivo dos americanos associada a um processo de desindustrialização. No Brasil ocorreu exatamente a mesma coisa: queda de renda e desindustrialização. 

Quem está HOJE mais perto do precipício: o Brasil ou os Estados Unidos? É claro que é o Brasil. Basta ver o que está acontecendo no estado do Rio de Janeiro, cujo governador declarou dias atrás que só tem recursos para pagar 7 (sete) dos 13 salários dos funcionários públicos. É evidente que os Estados Unidos ainda tem alguns fôlegos a mais que o Brasil. 

Voltando ao Trump.

Não sei se na história da humanidade já ocorreu um fenômeno tão exótico  como este:  a extrema direita e a esquerda ficaram felizes com a vitória de Trump: 

La Russie et plusieurs dirigeants de partis d’extrême droite européens ont félicité le candidat républicain.-  A Russia e muitos dirigentes de partidos europeus da extrema direita felicitaram o candidato republicano  - http://www.lemonde.fr/elections-americaines/article/2016/11/09/reactions-internationales-a-la-victoire-de-donald-trump-entre-inquietude-liesse-et-stupefaction_5028086_829254.html

É  verdade que os conceitos de esquerda e de direita se pulverizarm depois do retorno da Rússia e da China ao capitalismo. Mas ainda (ou até ontem)  a esquerda se distinguia por dar atenção aos pobres desprezados pela direita. Essa diferença é a única que justifica a existência dos dois conceitos ideológicos – exceto é claro para os religiosos marxistas que têm toda a certeza que a sociedade sem classes – fraterna e igualitária – será implantda depois da morte do capitalismo, embora não haja data prevista para este falecimento.

Certamente Trump terá que fazer alguma coisa pelos pobres (e BRANCOS) americanos que garantiram a sua vitória, o que  está justificando  a alegria de alguns setores da esquerda. A direita também está dividida em relação a Trump. Que eu saiba os banqueiros americanos não queriam ver o bilionário narcisista na Presidência dos States, que poderá acabar com a independência do Banco Central. Será que Trump vai enfrentar mesmo Wall Street e os banqueiros americanos?

O primeiro discurso que ele fez na madrugada do dia da apuração dos votos ele foi MUITO COMEDIDO, revelando um estilo de comunicação que nada tinha a ver com a sua teatral campanha eleitoral. Mas com ou sem acordos de Trump com os banqueiros, só existe uma maneira de os EUA não cairem no precipicio: redistribuir a renda e dar emprego para os pobres, o que seria apenas o primeiro passo de um processso civilizatório do capitalismo americano e mundial.  

Ps1. O economista Paul Krugman, premio Nobel de 2008, adotou a mesma postura pessimista da direção do New York Times, do qual é colunista. Ele pergunta e responde: 

Pergunta : Is America a failed state and society  - É a América um estado e uma sociedade falidos? 

Resposta : It looks truly possible – Parece realmente possivel  - http://www.nytimes.com/interactive/projects/cp/opinion/election-night-2016

De fato é uma possibilidade. Tudo vai depender das reformas nos sistemas político e econômico americanos. Coincidentemente, a salvação do Brasil também depende de reformas na politica, na economia e na gestão da coisa pública. 

Ps2. Será que durante a campanha Trump não fez uso de um  tom agressivo e teatral apenas como marketing eleitoral? Em pouco tempo teremos o esclarecimento desta questão. 

Mtnos Calil
Psicanalista, é Coordenador do Grupo Mãos Limpas Brasil.

Alerta Total – www.alertatotal.net

(*)Comentário do editor do blog-MBF: O socialismo é um cadáver insepulto e o capitalismo, de selvagem passou para especulativo, o que também não serve, pois continua aprofundando as diferenças.
Será que chegou a vez do Capitalismo Social ?


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