terça-feira, 20 de setembro de 2016

Alianças eleitoreiras

Martim Berto Fuchs

Em 16 p.p. reproduzi artigo do Jornal O Tempo, mostrando como é falho o argumento de que necessitamos de partidos políticos para abrigar as diversas “ideologias” que transitam em nosso carcomido universo político.

Dia 18 p.p. o jornal O Globo, em trabalho digno de época de olimpíada, mostra a esbórnia que é nossa política; de que os partidos nada tem a ver com ideologias e sim com a corrida à chave do cofre. Para isso vale tudo. Ideologia é ideologia, mas negócios são à parte, e a política brasileira é um negócio como qualquer outro, onde se procura enriquecer às custas do dinheiro extorquido da população.

Detalhe: se faltar dinheiro para sustentar o empreguismo (roubo), o assalto direto e o desperdício, aumenta-se a taxa dos impostos atuais, ou criam-se novos. Simples assim, pois a sociedade sempre aceitou e continua aceitando.

Fábio Vasconcelos

“RIO — O rompimento da aliança entre PMDB e PT no plano federal, após o processo de impeachment, está bem distante do que vem acontecendo na disputa municipal. O PT é hoje o partido que mais participa das coligações lideradas por candidatos a prefeito do PMDB. O dado reflete o peso das questões locais no processo de decisão das lideranças políticas. Mas nessa constelação de alianças que, muitas vezes, envolve quase todos os partidos, existem também alguns padrões. Por ter lançado o maior número de candidatos e ter buscado uma maior variabilidade nas suas alianças, o PMDB é o centro em torno do qual convergem todas as demais legendas.

A história das alianças dos partidos para a disputa pelas prefeituras está representada no gráfico de rede ao lado que, na versão web, explora os dados de forma interativa. A partir de um software de análise de rede, o Núcleo de Dados do GLOBO calculou a força das legendas na mobilização de parceiros e produziu a rede das coligações. Os resultados revelam que o PT está presente em quase 30% das coligações que apoiam candidatos do PMDB. Em valores absolutos (648), é a maior participação de uma legenda no apoio a um candidato que encabeça uma coligação no país. Proporcionalmente, contudo, o apoio do DEM aos candidatos do PSDB é o mais alto registrado entre as dez principais associações. O DEM está presente em 36% das alianças em torno dos tucanos.

A FORTE RELAÇÃO DO DEM COM O PSDB
O gráfico de rede aponta uma outra característica do nosso sistema partidário na disputa municipal. Com exceção de PCO, Novo, PSTU e PCB, todos os demais partidos apresentam algum grau de relação entre si. Cada círculo no gráfico representa os candidatos do partido que lideram as coligações; as conexões, por sua vez, indicam quais legendas são suas aliadas. Quanto maior o círculo, maior as conexões do partido nas disputas.

A emaranhada e complexa rede de apoios demonstra, portanto, que adversários em um município podem ser fortes aliados em uma cidade vizinha. A intensidade dessas relações partidárias aparece em outro dado: a espessura das linhas do gráfico. Quanto mais grossa, mais os partidos apoiam o candidato do seu parceiro político. Além do PT, destaca-se o apoio do DEM aos candidatos do PMDB. Em quase 27% das coligações que apoiam o PMDB, há a presença do DEM. A parceria entre os dois partidos indica a nova proximidade no plano federal. É o caso também dos candidatos do PT e do PCdoB. Em aproximadamente 37% das alianças de apoio aos candidatos do Partido dos Trabalhadores há a presença do PCdoB, seguido do PDT, dois parceiros políticos tradicionais do PT.

A profusão de coligações — são mais de 13 mil em todo o país — mostra algo esperado na disputa política. Os partidos buscam ampliar o seu arco de alianças para aumentar as chances de vencer, reduzindo o espaço dos adversários. Mas nessa lógica em que pesam mais aspectos locais, com parcerias até então pouco comuns nacionalmente, há de tudo um pouco, inclusive mega-alianças. A maior coligação foi registrada na cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais. Nada menos do que 24 partidos apoiam a candidatura de Andre Luiz Coelho Merlo, do PSDB. Os três outros candidatos — do PEN, PRB e PT — concorrem sozinhos.”



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