quarta-feira, 1 de junho de 2016

Uma revolução cultural

Martim Berto Fuchs

Nada a ver com 1889, 1930 ou 1964. É passar a régua e recomeçar. Uma revolução cultural é o caminho.

Esta cultura arraigada em nossa sociedade começou em 1808.
Em 1822 nos separamos de Portugal apenas politicamente. Economicamente passamos a ser dependentes da Inglaterra, e socialmente incorporamos a cultura do ócio remunerado implantada pelos “nobres” portugueses, da qual, infelizmente, não nos livramos, ainda.

O golpe de Estado perpetrado pelos “liberais” escravagistas em 1889 com apoio dos militares, apenas incorporou de vez ao principal hábito da Corte (ócio remunerado), os burgueses que ainda estavam de fora. Os empresários que ainda não tinham comprado um título de nobreza, passaram à ela mesmo sem título e sem casamento.

Pouco mudou em 1930, quando Getúlio apoiado pelos militares ditos nacionalistas, afastou do comando dos negócios e da economia os burgueses liberais, que perderam grande parte dos privilégios que ainda detinham, que era explorar a mão de obra em nome de um pseudo progresso, onde os trabalhadores ficavam com todo trabalho e os “empresários” com todo lucro.  

O comunismo em 1959, em plena Guerra Fria, tinha conseguido um aliado de peso aqui nas Américas com a revolução comandada pelos irmãos Castro na ilha de Cuba, quando estes trocaram de posição com o ditador Batista; eles ocuparam o palácio e Batista teve que ir gozar seus milhões em outras plagas.

Como todas revoluções comunistas, a de Cuba também custou muitas vidas, não tanto em razão do ato em si, mas principalmente depois, quando, seguindo os preceitos do fundador, o ateu Marx e o “cristão” Engels, era imperioso exterminar os contrários. Entende-se. Um teoria tão esdrúxula como o marxismo/comunismo/leninismo/bolivarianismo, só pode se manter se todos contrários forem aniquilados. Para os que ficam, é só baixar a cabeça e vegetar na pobreza.

Cuba foi a ponte por onde se introduziu finalmente o comunismo nas duas Américas, Central e do Sul, repelido facilmente na do Norte. No Brasil, ocasionou o contra-golpe de 1964. O comunismo foi contido, mas a cultura do ócio foi mantida.

Introduzido em 1930, o capitalismo de estado foi grandemente reforçado em 1964 pelos militares nacionalistas, que mantiveram intocada a posição dos antigos “nobres”, todos empoleirados nos melhores cargos públicos e dos “empresários” burgueses, sócios do Tesouro, que privatizam o lucro e socializam o prejuízo, até hoje.  

Essa tragédia teve sua culminância em 2003, quando o terceiro grupo de mamadores, até então de fora, passaram à fazer parte do poder. Refiro-me aos “representantes do povo”, os sindicalistas pelegos. Se já estava difícil manter o barco flutuando até então, a carga extra acabou por afundá-lo.

Os novos personagens, todos pobres, pois até então não tinham tido a oportunidade de se abastecer no caixa comum dos poderosos, quando receberam a chave do cofre, perderam a pouca elegância que tinham e entraram com tudo no fausto, na orgia e no toma-lá-dá-cá.
Não só passaram a desfrutar de todas regalias até então reservadas aos dois outros grupos, como caíram na asneira de querer expulsá-los da Corte e ficar com tudo para si.

Aí literalmente caíram do cavalo. Estão sendo saídos das benesses que só o Tesouro Nacional pode garantir. Como todos defensores do comunismo, em todos países onde colocaram suas idéias em prática, também aqui conseguiram a "proeza" de falir as finanças públicas.

O Brasil hoje enfrenta dois seriíssimos obstáculos: um, ficamos sem dinheiro até para o SUS, não obstante continuarmos nos endividando de forma irresponsável.
Outro, não conseguimos nos livrar da cultura do ócio remunerado. O primeiro seria até de fácil solução, se finalmente admitíssemos enfrentar o segundo.

É lamentável que em todas ditas “revoluções” levadas a cabo, nossos revolucionários não tenham tido coragem de enfrentar a raiz dos nossos problemas. Agora mesmo, quando estão expulsando os bolivarianos da Corte, e na iminência de faltar dinheiro até para seus salários, eles se negam a mexer nas causas, tentando mais uma vez maquiar os efeitos.

Não falta legitimidade ao vice-presidente Temer para exercer seu mandato. Como a titular foi suspensa, cabe ao vice exercer as funções. Inseguro por diversos motivos, inclusive pelo ataque que vem sofrendo por parte dos expulsos do paraíso, ex-companheiros, que apostam no quanto pior melhor, ainda tem contra si o fato de contar em suas fileiras com diversos candidatos à viajar para a República de Curitiba.

Se os políticos que estão agora no mando forem investigados judiciosamente, dos que ocupam o primeiro escalão do governo, poucos continuarão em atividade. Faltarão vagas em Curitiba para abrigar a todos. Enquanto isso, os larápios e incompetentes por ora afastados, nem parecem se importar com o fato de estarem nas mesmas condições. Só estão soltos porque nossa justiça foi e é leniente com eles.

Então, fica a pergunta: quem tomará a si a responsabilidade de enfrentar de uma vez por todas as reais causas de estarmos cada vez pior de vida ? Os políticos que aí estão ? Mesmo que a justiça aja, prendendo todos que merecem, o espírito de corpo continuará predominando nos restantes, pois não creio que haja mais de meia dúzia deles que não tenham colocado sua grande família nos empregos públicos criados com essa finalidade.

Só existe uma instituição que tem a confiança de 83% da sociedade brasileira e esta com certeza não é o Poder Judiciário, através do STF e que está na linha sucessória, e sim nossas FFAA.

O presidente interino Temer esta demonstrando que a atual classe política, alicerçada nos partidos, não tem condições de levar o país para novos rumos. E não resolve cassá-lo também e fazer novas eleições gerais em outubro. Apenas serão trocadas as moscas, isto se não permanecerem as mesmas. Isto é 100% certo. Só contradiz esta afirmação quem fechar os olhos para a realidade, ou estiver de acordo com a podridão e o descalabro reinante e dele quer continuar se aproveitando.

Em 2016 o Brasil terá que fazer uma verdadeira revolução, esta cultural, do contrário continuaremos negando futuro para nossos jovens e aumentando a desesperança da nação como um todo.
Antes que façam alegoria com a revolução cultural patrocinada por Mao Tse Tung na China (1966), leiam amanhã a proposta de Capitalismo Social na íntegra.

“1.Militares da reserva, que possuem homens cultos, patriotas e conhecedores dos nossos problemas, apoiados pelas FFAA, assumem o Poder Executivo, escolhendo entre si um líder, sem interferência de civis.
2.Extinguem todos partidos políticos formados e os em trâmitação.
3.Cassam os direitos de todos políticos com mandato, em todo país, ficando as Casas Legislativas fechadas até que a Justiça Eleitoral organize a Assembléia Nacional Instituinte Exclusiva. Trabalho com prazo determinado.
3.1.Nomeiam os Ministros de Estado do Poder Executivo, não mais de 14.
3.2.Nomeiam os governadores e seus Secretários, não mais de 14.
3.3.Nomeiam os Prefeitos e seus Secretários, não mais de 14.
Único. Todos atuarão exercendo ativamente suas funções, não obstante transitórias.
4.Os políticos cassados e com ficha suja passam à ser julgados imediatamente pelos órgãos competentes, estritamente dentro das Leis vigentes. Caso os julgadores façam corpo mole como até agora, serão aposentados incontinenti e nomeados outros. Os aposentados estarão proibidos de voltar ao serviço público, seja via eleição ou concurso.
5.Revisão imediata da função e necessidade de permanecer no serviço público, em todas esferas, os concursados que detestam trabalhar e os não concursados sem capacidade e sem trabalho.  
6.Para as eleições da A.N.I.E., serão aceitos todos cidadãos com ficha limpa, mesmo os atuais políticos cassados, apenas que todos como candidatos independentes e aprovados na Prova de Qualificação aplicada pela Justiça Eleitoral. Partidos políticos: extintos e proibida a formação de novos.
Único. Os que participarem da A.N.I.E. não poderão se candidatar para as eleições que se darão logo após o término da Assembléia, as quais concederão mandato de 5 anos para os novos eleitos.
7.Uma vez apuradas e confirmadas as apurações da eleição, os governos de transição à nível federal, estadual e municipal, transmitirão para os novos eleitos seus cargos.”



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