sexta-feira, 20 de maio de 2016

Ideologias, mas de Estado

Martim Berto Fuchs

Já tenho abordado outras vezes a questão de partidos políticos ideológicos ou dogmáticos, e o mal que fazem para a sociedade, sem contar que hoje pouco se caracterizam por idéias, e sim pelo seu apetite por dinheiro.

A história tem nos mostrado que os regimes ditatoriais também se utilizaram dos mesmos para assegurar seu autoritarismo; quando não se importavam com a opinião de outros países, tinham e tem um só partido. Mais de um quando era, ou é, para jogar uma cortina de fumaça nos olhos dos observadores internacionais.

Mas para que necessitam eles de um partido, se o objetivo já definido é governar autoritariamente ? Ocorre que internamente eles precisam ter a maioria do povo ao seu lado, caso contrário teriam que passar o tempo todo com as armas em riste. Utilizam então o artifício do partido político, facílimo de dominar, ainda mais num país autoritário.

O grupo que o domina estabelece as diretrizes ideológicas, ou simplesmente dogmas, ou as regras que melhor lhe atendem os interesses; firmam isto à nível de partido, que depois são levadas às instâncias de um Congresso ou que nome se dê, com a finalidade de fazer crer a seus participantes, que estão eles a tomar as decisões, quando na verdade servem apenas para legitimar um jogo de cartas marcadas. E se caso houver recalcitrantes, sempre sobram o recurso do cárcere, dos gulag ou, em última instância, do paredón, que consegue calar a voz do dissidente, pela ausência.

Nos países ditos democráticos, não obstante os anteriores também se denominarem assim, temos normalmente mais de dois partidos, cada um com uma “ideologia”, e com seus programas comprados em escritórios de marketeiros, num cardápio que vai da esquerda para a direita, numa escala de graus de mansidão à contundência e de populismo moderado ao exagerado, às vezes fanático e estridente.

Esses “programas” são comprados por um grupo de pessoas, normalmente com dinheiro de procedência já duvidosa, e se inicia a cata de assinaturas:  500.000. Alguns milhões de reais à mão fazem milagres, sem contar os políticos profissionais sem mandato, mas com eleitorado cativo, que são os primeiros à serem arrestados.

Ou, já se compra um partido em funcionamento, como já tem acontecido. Poupa bastante trabalho e tempo, pois pode já ser ano de referendo, vulgarmente chamado de eleição.

No entanto, a ação que sempre esteve mais em evidência foi a compra pura e simples de políticos com mandato, com troca de partido ou não. Para esses, além de uma quantia em  dinheiro depositada em contas de paraísos fiscais, arremata-se a “fidelidade ideológica e partidária” do mesmo, com um feudo em estatais, onde podem dar emprego para sua grande família (cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos), estatais que são mantidas justamente para este fim, ou então em ministérios, também criados com a finalidade de acomodar os novos “compañeros”.

O que se defende em Capitalismo Social, é uma ideologia de Estado, ou para o Estado, se assim podemos entender, que uma vez aceita pela maioria, 2/3 dos eleitores legalmente inscritos, e que representam a vontade majoritária da nação, fique sujeita à revisões periódicas, pois sendo a vida dinâmica e em constante evolução, idéias novas e novas situações surgirão e devem ser reavaliadas cada vez por um novo Poder Constituinte, constituído por eleitores, periodicamente, 5 em 5 anos, dentre os eleitores legalmente inscritos.

O sistema político em uso no Brasil, em sua essência, surgiu após a Revolução Francesa. Até então, não obstante as guerras constantes entre as monarquias, nobres e príncipes, todos rezavam pela mesma cartilha, e eram eles que ditavam as regras.

Com o uso da guilhotina em um dos monarcas mais famosos da Europa, um novo cenário se desenhou. Um novo grupo passou a mandar, os burgueses, que não tinham, como as monarquias, um denominador comum nem a mesma centenária autoridade sobre o povo. Criaram então os partidos políticos para abrigar os interesses grupais, divergentes entre si nas modalidades de ganhos pecuniários, e também de classes sociais.

A disputa se tornou ideológica com a entrada em cena de Karl Marx, sustentado e apoiado por Friedrich Engels, com sua teoria social de igualdade na pobreza, teoria estranhamente desenvolvida por um ateu.

Desde então, entre períodos de liberdade e de cerceamento da mesma, as sociedades se debatem com ideologias rotuladas de esquerda e direita. Cento e sessenta e oito anos se passaram e os partidos continuam vivendo deste expediente, sem nenhuma expectativa de atender os anseios da população, senão apenas e ferozmente os seus.




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