segunda-feira, 14 de março de 2016

A ECONOMIA FALIDA

ALMIR PAZZIANOTTO PINTO

Encontra-se o Brasil às portas da falência. Não se trata de visão catastrófica de espírito delirante, mas da constatação dos fatos. A economia não poderia estar em pior situação. Continua, porém, a rolar ladeira abaixo, empurrada pelo descrédito e escassa inteligência de Dilma Roussef e do ministério.

São Paulo, capital econômica do Brasil, encontra-se paralisada. As atividades industriais atingiram o nível mais baixo em dezenas de anos, numerosas casas comerciais cerraram as portas, milhares de imóveis estão à venda, sem compradores. A deterioração se expandiu do centro para a periferia, sob o olhar apático do prefeito inerte.

Determinado empresário, proprietário de indústria de porte médio do setor de alimentação, localizada em pequeno município, contou-me que há algum tempo possuía 2 mil empregados, todos com os pagamentos, contribuições previdenciárias e Fundo de Garantia em ordem. Era o maior empregador da cidade. Foram reduzidos a 200. A cada semana mais alguns são dispensados. A frota de caminhões foi encostada, pois não consegue, com o declínio do mercado consumidor, suportar os custos do óleo diesel, manutenção, pedágio, salários, encargos sociais e ações trabalhistas. A drástica redução das atividades industriais afetou centenas de pequenos fornecedores urbanos e rurais, que passaram a desempregar.

Relatou-me que uma das carretas foi abalroada em rodovia estadual por caminhão desgovernado. O choque provocou a perda total dos veículos e morte dos motoristas. Apesar de o inquérito policial haver concluído que o seu empregado não deu causa ao desastre, respondeu ação trabalhista sendo condenado a pagar indenização de R$ 500 mil à viúva por danos materiais e morais, além de pensão mensal vitalícia no valor de R$ 800,00. À falta de fundamento jurídico, o Juiz invocou o efeito pedagógico da decisão.

Trata-se apenas de mais um caso entre milhares de julgamentos proferidos com mão pesada contra empregador inocente. Descrente da Justiça encerrará o negócio antes que os prejuízos se alastrem, e provoquem o desaparecimento de patrimônio economizado em 40 anos.

Em recente entrevista à imprensa o novo presidente do E. Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Ives Gandra Martins, alertou para o perigo da ideologização do Poder Judiciário. As palavras não foram exatamente essas, mas o sentido do que declarou pareceu-me inequívoco. Juízes não devem ser de direita, de centro, ou de esquerda. Quando têm alguma tendência devem reprimi-la, para decidir o caso concreto de maneira isenta, imparcial, equilibrada, conforme o que está na lei e nos autos. Valho-me aqui das palavras sábias do Ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal: “Não é ruim que juízes, antes de decidirem (...) levem em conta a realidade e o sentimento social, mas o populismo judicial é tão ruim quanto qualquer outro” (“O Estado de S. Paulo”, 10.8.2015, pág. C-2, Caderno 2).

A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada por Getúlio Vargas para o Brasil da década de 1940, envelheceu, mas resiste a todas as tentativas de mudanças protegida pelo escudo ideológico que a envolve.

As consequências da inadequação de legislação arcaica à realidade do mundo informatizado e globalizado não podem ser ignoradas. Agressiva concorrência externa, irracionalidade do sistema tributário, insuportáveis custos da mão de obra, baixa produtividade e insegurança jurídica, resultaram no desemprego de mais de 10 milhões de brasileiros. O colapso do mercado de trabalho atinge operários, comerciários, bancários, jornalistas, advogados, engenheiros, economistas, médicos, executivos. Ninguém está a salvo da derrocada econômica.

Com o respeito devido ao cargo que ocupa, a presidente Dilma Roussef é exemplo cabal de pessoa despreparada e incapaz, alçada à presidência da República pela alienação do eleitorado.

Pouco importa se a crise política é a matriz da crise econômica, ou vice-versa. Revoltados, trabalhadores e empresários dão claras demonstrações de que estão prestes a explodir. As eloquentes manifestações de ontem, 13 de março, não deixam dúvida, o governo deixou de existir.

Almir Pazzianotto Pinto
Advogado; foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

Diário do Poder



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