quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Prisão do líder do PT no Senado

Congresso em Foco 

A divulgação de um áudio nesta quarta-feira (25) mostra o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), cogitando a hipótese de fuga do ex-diretor do setor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, para não comprometê-lo nas investigações da Operação Lava Jato. Na manhã de hoje, o Supremo Tribunal Federal (STF) usou a gravação, feita por um dos filhos de Cerveró, Bernardo Cerveró, para justificar a prisão do senador, acusado de tentar obstruir as investigações sobre seu envolvimento no petrolão. No voto referendado por unanimidade pelo Plenário do STF, o ministro Teori Zavascki destacou que a tentativa de atrapalhar as investigações caracteriza crime inafiançável e que o tipo pena de organização criminosa permite flagrante a qualquer momento.

Em um dos trechos do áudio, Delcídio deixa claro que o melhor seria a fuga de Cerveró – para tanto, o senador arquitetou a saída pelo Paraguai do ex-diretor, um dos principais artífices do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras, além de uma mesada de R$ 50 mil. Em outro ponto da conversa, Delcídio fala da influência que teria no STF para conseguir a libertação de Cerveró.

Bernardo, que é ator e produtor cultural, gravou a fala de Delcídio, não o contestou e encaminhou o conteúdo do áudio ao Ministério Público. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também participa da conversa.

Confira o ponto em que Delcídio, Bernardo e Edson Ribeiro cogita a fuga de Cerveró pelo Paraguai:
Delcídio: Acho que o foco é o seguinte: tirar [Cerveró do país]. Agora é a hora que ele tem que ir embora mesmo.
Bernardo Cerveró: É… Eu já até pensei: a gente tava pensando em ir pela Venezuela, mas acho que… Sai com tornozeleira, tem que tirar a tornozeleira e entrar; acho que o melhor jeito seria um barco. É, porque aí chega à Espanha, pelo menos você não passa por imigração na Espanha. De barco você deve ter como chegar.
Edson Ribeiro: Cara, é muito longe…
Delcídio: Pois é. Mas a ideia é sair de onde de lá?
Bernardo: Não, da Venezuela. Ou da…
Edson: É muito longe.
Delcídio: Não, não.
Bernardo: Mas o pessoal faz, cara. Eu tenho um amigo que trouxe um veleiro, agora, de…
Edson: Não, tudo bem, vai matar o teu velho.
Bernardo: É. Mas não sei, acho que…
Edson: [risos gerais] Pô, ficar preso…
Bernardo: Pegar um veleiro bom…
Delcídio: Não, mas a saída pra ele melhor é a saída pelo Paraguai.
Bernardo: Mercosul.
Edson: Mercosul, porque o pessoal tem convenções no Mercosul. A informação é muito rápida.

Agora, o trecho em que Delcídio fala sobre a influência no Supremo e cita ministros como Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes:
Delcídio: Agora, Edson e Bernardo, eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora. Eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli. Pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar [Mendes], o Michel [Temer] conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o [Jorge] Zelada E eu vou conversar com o Gilmar também.
Edson: Tá…
Delcídio: Porque o Gilmar, ele oscila muito. Uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim, e eu sou um dos poucos caras…
Edson: Quem seria a melhor pessoa pra falar com ele? Renan [Calheiros], ou [José] Sarney?
Delcídio: Quem?
Edson: Falar com o Gilmar.
Delcídio: Com o Gilmar, não. Eu acho que o Renan conversaria bem com ele.
Edson: Eu também acho, o Renan. É preocupante a situação do Renan…
Delcídio: Eu acho que.. Mas por quê? Tem mais coisas do Renan? Não tem…

Confira a íntegra do áudio site da revista Época






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