sábado, 14 de novembro de 2015

Como a crise pode alavancar a nossa relação com o resto do mundo

Antonio Ribeiro

No inicio de 2014, ouvíamos alguns economistas dizerem que pelo andar da carruagem estávamos indo de volta para os anos de 1980. Pouco mais de um ano depois a percepção é que aquelas previsões eram otimistas.  Nos últimos meses criou-se um consenso de que o buraco é um pouco maior. A recessão que já está ocorrendo e deve fechar 2015 de acordo com o relatório Focus em algo próximo de 3% deverá ocorrer também em 2016 e levará o Brasil para uma situação que não se via desde a década de 30 do último século.

Este cenário de deterioração exposto diariamente nos meios de comunicação indica que a crise pode ser mais longa do que inicialmente se previa.

Vale lembrar que uma das consequências da grande depressão dos anos de 1930, que começou com o crash da bolsa de Nova York, foi uma mudança profunda na economia brasileira, que aos poucos transformou o país de uma economia predominantemente rural em uma economia industrializada, e que, segundo economistas e historiadores, ajudou a impulsionar o Brasil a ser o país que mais cresceu no século XX, ficando atrás apenas do Japão.

Desde o famoso discurso do presidente John F. Kennedy em Indianápolis, quando ele disse que “o Chinês usa duas pinceladas para escrever a palavra crise; uma pincelada significa perigo e a outra oportunidade”, tem-se usado este adágio em palestras motivacionais.  Se acreditarmos nisso, levando-se em conta o tamanho da crise que vivenciamos e o perigo iminente de a situação piorar, então as oportunidades que surgirão, ou já estão à nossa volta, serão como o que os americanos chamam de “once in a lifetime opportunity”, ou uma oportunidade única na vida.

Independentemente de se acreditar no termo cunhado por J.F. Kennedy, uma conclusão sobre as crises é unânime: empresas que são competitivas apenas via mecanismos artificiais criados pelo dinheiro abundante e proteção de mercado tendem a desaparecer quando estes mecanismos deixam de existir pela falta do dinheiro.

Não gosto de previsões e não acredito em adivinhar o futuro. No entanto, se olharmos a história, na grande depressão dos anos de 1930 uma classe dominante e atrasada mandava no país. Com a crise, verificou-se que o modelo econômico dominante à época não se sustentava. O que houve em seguida foi uma revolução. As ideologias atrasadas sucumbiram e os coronéis das fazendas de café e gado perderam relevância.

Ouso dizer que talvez o mesmo processo se repita, visto que, conforme mencionado, a crise atual só encontra paralelo naquela que relevou a segundo plano os coronéis da época.  Esta crise, cujas consequências mal começamos a ver, pode jogar na lata de lixo ideologias ultrapassadas que se mostraram desastrosas em todos os lugares do mundo onde foram aplicadas. E se essa crise for suficiente para que tal fenômeno ocorra, quem sabe não surja um novo país, muito mais competitivo e dinâmico, que garanta para as próximas gerações alguma herança que não seja apenas pagar a conta da nossa incompetência.

Particularmente acredito que uma destas mudanças ocorra na maneira como enxergamos o mundo.  Acredito que nos próximos anos veremos que o Brasil, assim como qualquer outro país no mundo, não é grande o suficiente para desprezar o comércio com o resto do planeta, especialmente com os países ricos e com poder de compra.

Provavelmente essa besteira de política sul/sul que nos amarra a maduros e kirchners desaparecerá, acordos comerciais serão celebrados e a corrida para recuperar o tempo perdido nas últimas décadas abrirá oportunidades gigantescas para as empresas que se prepararem.

E, se assim ocorrer, novamente usemos a história para ver que aqueles  que mais prosperaram a partir da ruptura ocorrida com a grande depressão foram os que estavam mais preparados e consequentemente foram os grandes ganhadores do século XX.

A pergunta que deve ser feita diariamente é:  estamos preparados para sermos os grandes ganhadores do século XXI? Como acredito que a integração com o resto do mundo é uma das respostas para a crise atual, devemos começar já a olhar para o resto do mundo com mais carinho e nos preparamos.

Antonio Ribeiro
Professor e consultor de negócios internacionais.

Instituto Liberal

Comentário do blog:  somente um novo sistema político fará com que “empresários” amigos do poder abram suas empresas, ganhem muito dinheiro e quando a crise chega, essas empresas fecham as portas e o prejuízo fica para a sociedade pagar.
O que temos que desmontar é a Corte, é nossa Monarquia Republicana.





Nenhum comentário: