terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pobreza na Argentina volta crescer apesar do aumento em gastos sociais

MARIANA CARNEIRO SYLVIA COLOMBO

Escondida atrás da estação histórica do Retiro, na rica Buenos Aires, cresce silenciosamente a Villa 31, uma das maiores favelas da capital argentina.

De 40 mil habitantes em 2013, passou a ter uma população de quase 70 mil neste ano –nas contas dos moradores, são 100 mil pessoas.

A Folha visitou a favela na última semana. As novas casas e barracos construídos às pressas para abrigar a crescente população invadem as ruas e estimulam os habitantes a construírem novos andares sobre casas antigas.

Dados de instituições privadas informam que a pobreza na Argentina voltou a crescer no último ano, após um longo período de melhora desde o colapso de 2001, quando mais de 50% da população caiu na penúria, até 2010.

A estagnação da economia e a elevada inflação, ao redor de 25% ao ano, interromperam o movimento positivo da década, dizem economistas.

A reversão ocorreu ao mesmo tempo em que o governo de Cristina Kirchner turbinou gastos em benefícios sociais e subsídios, usados para baixar o preço da energia elétrica e do transporte público.

Segundo estatísticas da Universidade Católica, cerca de três em cada dez lares argentinos são atendidos hoje por programas sociais, total superior ao de 2007, primeiro ano de Cristina na Casa Rosada.

Numerosos (são mais de 50), esses benefícios podem atender desde mulheres grávidas e mães até trabalhadores de baixa qualificação.

"A existência da pobreza é a grande novidade da Argentina. Havia um mito de que o país não tinha pobres, tinha pleno emprego e era bem educado. As três afirmações já não se sustentam", disse a ensaísta Beatriz Sarlo à Folha.

A pobreza e os gastos com subsídios viraram assuntos de campanha. Cristina insinuou que a oposição porá em risco os benefícios caso vença a eleição do próximo domingo (25).

Na Villa 31, onde 60% dos moradores são estrangeiros, a distribuição de planos de assistência social divide os moradores.

"Poucos aqui têm trabalho, mas recebem subsídio. A maioria vive só com o dinheiro do plano e de bicos", diz Manuela Díaz, 28, que trabalha como diarista. "Ninguém quer viver improvisado. Se todos aqui pudessem escolher, prefeririam trabalho em vez de uma cesta de comida", acrescenta.

Quem vem de outros países parece mais agradecido com relação aos benefícios, mas reclama do preconceito dos argentinos.

"Estou aqui há 15 anos, ajudo a comunidade como posso, mas ainda sou vista de um modo estranho. Muita gente preferia que eu não estivesse", diz uma senhora de 58 anos, paraguaia, que não quis se identificar.

"Não é preconceito, mas, se já temos pouco, melhor priorizar quem é daqui, não?", diz outro senhor, argentino.

SEM DADOS


Segundo economistas, para enfrentar o problema, primeiro o governo tem de saber quantos pobres há no país.

A estatística oficial foi interrompida em 2013, após o Indec (o IBGE argentino) registrar um percentual de só 4,7% de argentinos pobres.

Ao justificar a ausência de dados atuais, o ministro da Economia, Axel Kicillof, sugeriu que chamar alguém de pobre é "estigmatizante".

Para o pesquisador Eduardo Donza, os programas sociais ajudaram a reduzir a indigência, mas não eliminaram o problema. "As transferências não são suficientes para que as pessoas saiam da pobreza. O necessário é que melhore o mercado de trabalho."

Segundo o consultor Dante Sica, a maior fonte de gastos do governo não são ajudas sociais, mas subsídios a energia e transporte.

Folha de São Paulo



Comentário do blog:  é o resultado do Foro de São Paulo. Venezuela, Argentina e Brasil na pior. Continuam querendo diminuir a pobreza apenas distribuindo recursos de quem produz. Não sabem gerar empregos, à não ser através do empreguismo no setor público, que nada produz.
Alguém precisa avisar esse pessoal que o socialismo populista faliu, que país comunista sobraram apenas 2 e estes também estão abandonando este barco furado.(MBF).



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