quinta-feira, 9 de abril de 2015

Uma proposta para a crise

É muito difícil conseguir o que se propõe — mas não é impossível nem utópico. O atual sistema político perdeu a credibilidade

POR EURICO BORBA
04/04/2015 0:00

A situação do país é de caos político, com a paralisação da economia e o progressivo mal-estar coletivo pela vergonha do povo com a situação. Uma verdadeira guerra civil começa a se conformar no horizonte da pátria. Pela falta de orientação governamental, bem como pelo distanciamento da prática política dos ideais éticos, difusos, mas presentes na absoluta maioria da sociedade brasileira, o confronto entre as expectativas honestas do povo e a imoralidade majoritária dos políticos passa a ser uma possibilidade a ser considerada. Se a esta conjuntura somarmos a bandidagem nas ruas e o tráfico de drogas detentor da soberania sobre porções do território nacional, então não restam dúvidas de que o Brasil, em breve, poderá vivenciar o trágico embate físico entre uma população digna e um bando de assaltantes de sonhos, de bens públicos, da tranquilidade social.
Não há mais tempo para discussões. O óbvio salta aos olhos. O povo não quer dialogar com tais interlocutores: exige que eles saiam, desapareçam. Chega. É isto que as ruas estão dizendo.
É preciso que cidadãos e cidadãs responsáveis façam alguma coisa já. Os sinais de esgotamento da paciência do povo foram dados dia 15 de março. Aconteceu por natural e espontânea manifestação da cidadania, sem partidos a fazer convocações, sem líderes políticos a se manifestarem. Agora dia 12 de abril outros milhões vão cobrar que providências concretas foram tomadas (já se sabe que nada foi feito...).
Proponho, para debate e decisão da cidadania mobilizada:
— movidos pela dignidade que ainda lhes resta e pelo medo das multidões que os cercam, os políticos votem o que constitucionalmente se fizer necessário, imediatamente, para a extinção de todos os atuais partidos, determinando que, no prazo de seis meses, novas agremiações se apresentem ao Supremo Tribunal Federal (STF), com claros programas e definições ideológicas, além de um mínimo de cinco milhões de assinaturas de eleitores distribuídos em pelo menos três regiões fisiográficas e dez estados da federação;
— proclamem a revogação dos mandatos dos senadores e deputados (não há como preservar os poucos bons existentes — eles serão reeleitos) e a destituição do presidente e vice-presidente da República, convocando novas eleições para, em nove meses, com poderes constituintes, eleger um novo Congresso Nacional e novos nomes para a chefia do Poder Executivo;
— assegurem, nestas providências, que o financiamento das novas eleições seja feito, exclusivamente, com recursos públicos e as coligações partidárias proibidas, devendo ser eleitos os candidatos mais votados em cada unidade da federação, segundo o numero previsto para cada uma;
— garantam todos os recursos necessários para que o STF possa governar o país, excepcionalmente, legislando apenas em matérias urgentes e absolutamente necessárias à continuidade administrativa e à normalidade da vida nacional, até que o novo Congresso seja eleito e o novo presidente da República, empossado.
É uma revolução. A revolução que o Brasil necessita para sobreviver digno, democrático, justo e pacífico. Vamos refundar a República. As soluções para inflação, desemprego, desenvolvimento, segurança publica, saúde, educação, paz e tranquilidade social surgirão, com mais facilidade e competência, nesse novo ambiente solidário e honesto.
É muito difícil conseguir o que se propõe — mas não é impossível nem utópico. O atual sistema político perdeu a credibilidade e está esgotado — não poderá oferecer soluções para a crise que enfrentamos.

O povo mobilizado (esta situação de mobilização não irá perdurar por muito tempo) saberá verificar, comunicando-se intensamente, quais os candidatos que deverão ser eleitos e quais os partidos merecerão a confiança da sociedade. A oportunidade que será criada, para a eleição de bons cidadãos e cidadãs, será muito grande.
É o momento histórico de reerguemos o nosso querido Brasil.
Eurico Borba é escritor e foi presidente do IBGE


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Comentário do blog: apoio toda iniciativa, de todo brasileiro bem intencionado, de procurarmos uma saída para a crise que vem se abatendo sobre nosso país.
Mas, como qualquer cidadão, reservo-me o direito de opinar, para então criar o debate.

Na minha opinião, a proposta do sr. Eurico Borba peca por manter partidos políticos como necessários para exercitarmos a democracia. À bem da verdade, eles são a principal causa de o nosso sistema político ter apodrecido. Nosso sistema político fede e é justamente por causa das organizações criminosas auto-proclamadas de partidos.

Não é extinguindo os atuais partidos e criando novos que resolveremos a crise. Isso Getúlio Vargas já tentou; os militares em 1965 também tentaram. Deu em nada.

Se fizéssemos isso novamente, extinguir e criar novos, em pouco tempo os novos partidos estariam novamente dominados por pessoas inescrupulosas, como estão hoje. 

Não precisamos de partidos políticos para exercitar plenamente a democracia. (MBF)

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