sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Porque o lulo-petismo está caindo e vai cair


Na Corte brasileira, na nossa Monarquia Republicana, dois grupos se revezavam pacificamente na posse da chave do cofre: oligarcas com o rescaldo da aristocracia e os burgueses. O primeiro tem cadeira cativa na Corte desde 1808, quando muito a contra-gosto acompanharam Joãozinho 6 na sua mudança de endereço de Portugal aqui para o meio do mato. O segundo, burgueses, em particular aqueles que não conseguem manter uma empresa funcionando sem estarem atrelados às benesses da Corte, foram o segundo grupo à viver às nossas custas.

Jânio, que desempenhava com desenvoltura o papel de louco, foi o primeiro que resolveu governar sem o OK da Corte. Quando tentou o golpe, o deixaram falando sozinho dentro de um avião lá em Cumbica e ele custou para entender o que tinha dado errado.

Jango, devedor moral de Brizola. Este, da esquerda revolucionária até 1964, com a legalidade em 1961 tornou-se dono da vontade de Jango e por conseguinte acabou selando o destino de ambos: exílio. 

Collor, outro que desafiou a vontade da Corte e da FIESP, querendo dispensá-los como conselheiros, embarcou mais cedo na Elba que lhe arranjaram e mudou-se de vez para a Casa da Dinda, perdendo as regalias do Palácio. Está de volta, mas acomodado em cargos de segunda importância.

Lula, sempre mal visto pelos cortesãos e comensais da Corte, enquanto tentou se eleger para o trono sem o apoio da FIESP, apenas com o emaranhado da esquerda, 13 correntes só no PT, não conseguiu seus propósitos: 1989, 1994 e 1998.

Em 2002 rendeu-se ao dinheiro, fez acordos, compactuou com a FIESP por escrito, lhe impuseram um Vice empresário, e encilhou a bandeira das reformas, sejam elas quais poderiam ter sido, pois a própria esquerda à nível mundial, divide-se em esquerda, centro e direita, e busca os mesmos objetivos que todos os outros postulantes ao cargo maior: poder, e, uma vez que a plutocracia financeira está aí mesmo para servir e servir-se, por que não uma “continha amiga” num paraíso fiscal qualquer ?

Terceiro grupo a fazer parte da Corte, os sindicalistas, e isto pela primeira vez na história do Brasil, Lula e sua turma receberam as primeiras “sugestões” dos membros vitalícios, de como se comportar por ali e se dar bem.
Primeiro, devia esquecer esse negócio da compra de votos para a reeleição dos governantes, patrocinado pelo antecessor, FHC, pois tinha sido  decidido na Corte que devia ser assim e assim foi. Sugestão aceita.
Segundo, os negócios da “venda” das empresas estatais no governo do seu antecessor, FHC, todas deficitárias, vá lá, mas nem por isso menos estranhos, para dizer o mínimo, era assunto liquidado, portanto, vira a página e olha para o lado bom da coisa. Isso aqui tudo nos pertence. É bom estar aqui. E assim foi feito.  
Terceiro. A compra de votos no Congresso é de praxe, camufladamente como deve ser, salvo o escorregão da reeleição. Apresentaram para a turma do Lula, todos ainda inexperientes naquele mister, não obstante alguma prática nas Prefeituras, o esquema já queimado do “mensalinho” de Minas, inclusive com os mesmos atores. Novatos e duros, financeiramente falando, como já diz o ditado: “quem come mel pela primeira vez se lambuza”.

Primeiro erro. Entraram com tudo no esquema, qual seja, “transferir” dinheiro das contas públicas para as contas privadas para comprar votos no Congresso e ter dinheiro para financiar campanhas políticas, mas não tiveram os cuidados que operação de tal envergadura exige.

Segundo e maior erro. Quiseram ficar de donos absolutos dos negócios na Corte, comprando, com esse dinheiro conseguido graças às indicações que receberam dos vitalícios, até os donos dos partidos “oposicionistas”, não entendendo que numa democracia de faz de conta como a brasileira, é preciso alguém desempenhar o papel de oposição junto aos que sustentam o fausto dos 3 grupos enquistados.
Aí foi de mais. Quer dizer, foram os últimos a chegar na festa e querem por todo mundo à correr, ficando sozinhos no usufruto ?
FHC ainda tentou segurar a barra, impedindo a sua turma de “impinxar” os novatos,  mas já era tarde, o estrago estava feito.

De lá para cá, Lula e sua turma de sindicalistas, tentando livrar a cara, só tem tomado atitudes ditadas pelo desespero. Deveriam tomar mais cuidado, pois nem tudo está perdido para eles, pois a Presidente ainda obedece ao “Chefe” e tem todas chances de se reeleger. Logo, o acesso à Corte ainda está franqueado, mas tem que entrar definitivamente no jogo, isto é, a chave do cofre tem que girar entre os 3 grupos; não podem, absolutamente, e que lhes sirva de lição, querer se adonar sozinhos de todo patrimônio controlado por eles, dando um chega prá lá nos comparsas oligarcas/aristocratas e burgueses, que estão se servindo, uns desde 1808 e outros desde que mandaram embora, educadamente, o Pedrinho 2.

Com o sistema político que temos no Brasil, não há necessidade desse desespero todo, eles podem ficar tranqüilos, pois não perderão jamais a vida inútil e suntuosa, mesmo que por um curtíssimo período tenham que ver o sol nascer quadrado. Logo serão candidatos de novo e eleitos tranquilamente. Aí podem até conseguir mudar as leis e proibir a imprensa de bisbilhotar nos seus negócios “particulares”. Os sócios dos outros dois grupos topam, desde que não fiquem de fora da partilha.

Além do que, com os impostos que nos extorquem e das multas que nos aplicam, a torneira vai continuar jorrando para todos eles, e, em último caso, sempre tem o cheque especial da plutocracia internacional para lhes garantir o fausto, que, diga-se de passagem, também somos nós que honramos.

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