quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bem-estar social x finanças

O que levou a França à debater em profundidade novamente esta questão, não foi apenas o resultado do governo de direita de Sarkosy, embora na sua mão tenha se exacerbado, pois o problema vem se agravando nas mãos de governos de ambas matizes, há tempos. O que o trouxe à tona de forma cruel foi a especulação financeira/imobiliária americana, que teve seu desfecho em 2008, e da qual os rentistas da zona do euro participaram, incluso logicamente os franceses.

Especulação financeira nunca foi projeto liberal nem neoliberal, pois desde Adam Schmitt é denunciada como a parte melindrosa da idéia. Especulação financeira é objetivo da plutocracia internacional, anterior ao advento da proposta liberal, que não respeita e nem liga para essa dicotomia liberalismo x socialismo, pois se aproveita dos dois. Se agissem apenas na venda do seu produto, dinheiro, sem ter outra finalidade oculta, não teríamos crise a ser resolvida entre bem-estar social e finanças.

Os governantes, dos dois lados, pouco podem fazer para minorar os efeitos, salvo a ruptura da ordem. Eles não tem por hábito enfrentar as causas, pois quem o faz sempre perde as próximas eleições. Aí, como Sarkosy e quase todos, incluso os nossos, prometem resolver o problema no próximo mandato, sabendo que não o farão.

Bem-estar social e direitos trabalhistas são sempre defendidos com a retórica de que foram conquistas que levaram anos para serem alcançados e por isto se tornam intocáveis.

Os primeiros a alcançar alto padrão de vida no ocidente foram os europeus com o colonialismo, tanto que ao sugarem o que tinha para sugar dentro deste processo, e se auto-concederem um bem-estar social que não podem manter, estão na encruzilhada, pois é óbvio que não podem mantê-lo e ainda incluir aqueles que despojaram. A conta não fecha e não adianta chiar.

Os segundos a alcançar o limite do que se apregoa, bem-estar, foram os americanos. Impondo seus negócios pelo mundo, tanto pela qualidade como pela força, canalizaram para os EUA os recursos mundiais e os colocaram à disposição da sua população dentro dos princípios do liberalismo.

Os terceiros foram os produtores de petróleo, pelos menos aqueles que souberam discernir entre realidade e sonho/demagogia.

Mesmo nas suas melhores épocas, o liberalismo cristão demonstrou ao mundo que é um projeto falível no que tange beneficiar nem que seja com o mínimo para todos. Ou, nunca lhes importou.

A porta foi arrombada e carece ver que solução vão dar ao problema, como frisado, antigo. Até então vinham camuflando-o com empréstimos, que tanto na Europa como nos EUA são acessíveis, contrariamente ao Brasil. Esgotaram este recurso também e agora lhes foi apresentada a conta.

Finanças. Toda pessoa que chega à condição de disputar a Presidência de um país, tem obrigação de conhecer, e conhece, como funciona este Poder oculto, a plutocracia. É demagogia culpá-los pelas mazelas que encontra alegando desconhecimento, pois isto indicaria apenas que o candidato estava despreparado para o cargo.

A plutocracia mundial trabalha justamente pelo desequilíbrio das atividades normais, para chegar à um resultado que os leve ao seu desiderato, qual seja, uma Nova Ordem Mundial, já anunciada publicamente, ou, governo mundial único e na mão deles, óbvio.
As escaramuças entre direita e esquerda nas eleições e da forma como se dão, servem apenas para diversão dos mesmos e constatação do êxito das suas demandas.

Quem sabe, à título de não permitir que a bomba exploda antes do tempo previsto, cancelem parte das dívidas daqueles que matematicamente não podem pagar. Mas, vão rebaixar o padrão de vida dos mesmos, queiram ou não. Ou, façam um cineminha para a platéia e concordem com um calote de parte da dívida, Argentina, sabendo que virão novamente com o pires na mão pedir arreglo, pois nunca enfrentam as causas apenas os efeitos e com isto os problemas se adiam e transferem para o próximo governante.

Distribuição equitativa. A má distribuição dos resultados entre capital e trabalho é antiga e não começou com o liberalismo. Diria que a forma como foi conduzida pelo mesmo à exacerbou, mostrando a insensibilidade do homem com seu semelhante, não obstante o desenvolvimento material que trouxe.

Marx estava certo no diagnóstico, de que o liberalismo cristão nas mãos das Monarquias Absolutistas e dos empresários de então, sempre impulsionados pelo capital, não atendia as demandas dos trabalhadores, mas errou na receita, colocando o Estado Absolutista como substituto de ambos e pior ainda, para isolar a ganância do capital representado pela plutocracia, eliminou o lucro. Lembro Joelmir Betting: “matou a vaca para acabar com o carrapato”. E neste receituário a esquerda mundial, pelo menos a brasileira, persiste.

Temos dois sugadores de recursos:
1. a plutocracia, setor bancário internacional e agora também o nacional, e
2. o governo, um verdadeiro saco sem fundo, mas em que todos querem entrar e se proteger. Este busca justamente o que lhe falta para manter a ilusão, com os primeiros. Afunda, pois não suporta o peso de todos, além de se auto-conceder privilégios imorais em relação à quem está de fora mas banca a despesa.

Está na hora de discutir uma nova maneira de enfrentar velhos problemas. Se os ciclos da economia são determinados pela especulação financeira, independente da existência do neoliberalismo e da insistência nas soluções marxistas, é por aí que temos que debater uma saída. Como fazer para não mais depender exclusivamente do capital especulativo de terceiros ?

Particularmente, opto por batalhar contra eles pelo lado do capitalismo como método de produção, sem a particularidade de ser cristão, mas sim e finalmente aplicado não só em prol do capital mas também do trabalho, repartindo igualmente os resultados obtidos.
Paralelamente, a sociedade controlando o gigantismo do Estado através do Poder Constituinte.

Capital se consegue através dos Fundos de Pensão Sociais, pertencentes aos trabalhadores e que não podem ser usados para atividades meio – governo e suas obrigações – somente para atividades fim, como incremento à produção e absorção de mão de obra. E administrados profissionalmente, rigorosamente sem interferência política, pois seria novamente a receita certa para o fracasso.

http://capitalismo-social.blogspot.com/2011/12/11-sistema-previdenciario.html

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